Esta história foi impulsionada no alto da Pedra da Onça, localizada no município de Itarana e limitando-se com Santa Teresa.
O episódio aconteceu no ano de 1941 quando a cidade de Itarana ainda era apenas um distrito chamado: Figueira de Santa Joana, pertencente ao município de Itaguaçu.
Certa vez um caçador caminhava lentamente no alto da montanha em meio a mata, orientando-se por trilhas de animais silvestres que ali existiam. Foi então num desses episódios, que ele observou um buraco de tatu feito recentemente com a terra ainda fresca.
Quando finalmente ele se abaixou para observar a toca do tatu, notou que o tatu havia escavado junto a terra algo estranho...? uma pedra de coloração verde azulada em forma de canudo.
Logo ficou encantado pela pedra, mesmo sem saber o que era aquilo decidiu levar o material consigo colocando-o num bornal de couro.
Certa vez um caçador caminhava lentamente no alto da montanha em meio a mata, orientando-se por trilhas de animais silvestres que ali existiam. Foi então num desses episódios, que ele observou um buraco de tatu feito recentemente com a terra ainda fresca.
Quando finalmente ele se abaixou para observar a toca do tatu, notou que o tatu havia escavado junto a terra algo estranho...? uma pedra de coloração verde azulada em forma de canudo.
Logo ficou encantado pela pedra, mesmo sem saber o que era aquilo decidiu levar o material consigo colocando-o num bornal de couro.
No dia seguinte se dirigiu a antiga vila chamada Figueira de Santa Joana, que se localizava à mais o menos 11 quilômetros da montanha.
Entrou num boteco, e após tomar algumas doses de cachaça, começou a exibir o seu achado, a "água-marinha" na maior inocência...
Entrou num boteco, e após tomar algumas doses de cachaça, começou a exibir o seu achado, a "água-marinha" na maior inocência...
E isso foi o pivô para atrair uma multidão de pessoas, rumo a Pedra da Onça em busca das água- marinhas.
Essa multidão era formado por comerciantes, agricultores sem nenhuma noção de garimpagem. Mas contudo nem era necessário, pois as pedras se encontravam a flor da terra, e isso dispensava mão-de-obra especializada.
No inicio tentaram abrir vagões, mas como o solo não era firme começou a desbarrancar, então começaram a arrancar toda a terra que havia na montanha com enxadas, enxadões, pás e rodos.
E foi assim que a maior jazida de águas-marinhas do mundo foi descoberta. Dizem que foram extraídos mais de 2.000 quilos de altíssima qualidade.
Além dessas, também houve muito cristal quartzo e escórias de água-marinha, mas estes no caso não foi dado o mínimo valor. Segundo informações de um cidadão que na época ajudou a garimpar, estas escorias e cristais eram rolados e despejados morro abaixo e muitos desses ao colidirem nas rochas da montanha se espatifavam em milhares de pedaços. Muito desperdício...
Mas no entanto, o município não se capitalizou com essas pedras, pois como não tinham noção do valor real das pedras, os garimpeiros improvisados eram alvos fáceis na mão dos atravessadores e estelionatários.
Estima-se que na época circularam mais de 3000 pessoas entre garimpeiros ocasionais, curiosos e compradores de pedras, oriundas das cidades de Teófilo Otoni e Governador Valadares - MG.
Outros que deram mais sorte na comercialização das pedras, obtiveram muito dinheiro, mas não souberam administra-lo de forma raciona, e acabaram falindo tempos depois.
Mas de certa forma isso abriu caminho para posteriores descobertas..., e por força da fama do garimpo, a cidade tomou o nome de Itarana, que na língua indígena significa realmente Pedra da Onça, assim: ITA=PEDRA, RANA=ONÇA, de um tipo de onça que dizem ter vivido na região – a temida SUÇUARANA.
Alguns anos depois também apareceram na região, alguns espertinhos em volta da montanha, , que se aproveitavam da fama do lugar, derretendo garrafas e cacos de vidro verde/azul, para as fazer passar por águas-marinhas. Uma vez aquecido em altas temperaturas, esse líquido pastoso era despejado em formas entalhadas na madeira em forma de um canudo de pedra, e outras vezes era até revestido com um caulim para aprimorar a falsificação.
Dizem que conseguiram passar a perna em muitos compradores de pedra com esse material.
Alguns compradores de pedra só descobriram da falsificação, dias depois quando já estavam longe do Espírito Santo.
Mas a febre do garimpo e o sonho de ficar rico da noite para o dia, ainda estava no auge.
Pois apareceram garimpeiros profissionais de Minas Gerais e outros aqui mesmo se profissionalizaram como aprendizes de garimpeiros.
Sendo que mais tarde descobriram outro lençol de água-marinha na Pedra Alegre região vizinha da Pedra da Onça. E assim a garimpagem foi se espalhando por toda região...Outra descoberta intrigante, ocorreu em meados de 1940, na localidade de Alto Limoeiro/São Sebastião, próximo ao Pico Bela Vista, divisando-se com o município de Santa Maria de Jetibá, sendo na época propriedade do senhor Alberto Timm. Pois num pequeno brejo no meio da taboa, foi descoberto por acaso um rolão de cristal quartzo branco de altíssima pureza, algo em torno de 12 toneladas.
Para remover o enorme cristal decidiram despejar um caldeirão de água fervente na pedra a fim de fragmentá-la em pedaços menores. Bom isso foi uma idéia meio rústica e não muito funcional...
Mas o mais interessante de tudo, é que no tal brejo e nem mesmo nos arredores, foi encontrado outro cristal similar a este. No entanto não se convenceram de imediato, e decidiram fazer uma buscativa no alto das montanhas, pois alguns acreditavam que a tal pedra pudesse ter rolado a partir de uma enorme formação rochosa da montanha. Sendo que outros acreditavam que a origem do rolão de cristal teria sido obra do "Dilúvio" relatado na (Bíblia Gênesis 7:11).
Mas até hoje nenhuma das teorias conseguiu decifrar o mistério, pois nunca mais foi encontrado cristal semelhante na região, tudo indica que se tratava de uma peça unica.
Água-marinha grudada ao feldspato popularmente conhecido como osso de cavalo
Água-marinha verde
No início da década de 1950, uma nova jazida é descoberta. Mas dessa vez em Alto São Sebastião, Santa Maria de Jetibá, sendo que naquela época ainda era pertencente a Santa Leopoldina. A propriedade era do seu Emílio Hackbart.
Esse garimpo também ficou muito famoso na região. Pois esse pela primeira vez era explorado por uma equipe de garimpeiros que trabalhavam em parceria com o senhor João Bento, pois este por sua vez lhes fornecia mantimentos e ferramentas necessárias.
Este era bem diferente da jazida da Pedra da Onça, pois não era tão fácil, exigia habilidade e trabalho duro. A princípio começaram a abrir catas no brejo que havia na propriedade, foram várias... Pois havia muito cascalho e cristais. E aos poucos acharam algumas lascas de águas-marinhas, uma aqui e outra lá...e assim se passou quase um ano.
Mas num pequeno morro que era coberto de pasto, havia uma pequena floração de mica, feldspato, caulim e cristais... um indicativo que ali poderia ter algo mais...
Avançaram com três túneis montanha a dentro, sendo que estas atingiam aproximadamente 20 a 30 metros de profundidade trabalhando de domingo a domingo. Apesar de haver uma enorme formação de cristais entre outras coisas... nada acharam.
Um dos garimpeiros decidiu então acompanhar o seu sonho, pois havia sonhado que o bambu de pedras estava debaixo das raízes de capim e samambaia.
Sendo assim, ele decidiu abrir um pequeno vagão ao ar livre e só bastou cinco metros de profundidade para achar o bambu de águas-marinhas.
Segundo Emílio Hackbart que se encarregou de lavar as pedras no córrego, a jazida descoberta rendeu três caixotes de águas-marinhas, equivalente a 300 quilos de pedra. E um saco de escoras de água-marinha equivalente a 100 quilos.
Dizem que no momento que carregaram os caixotes de pedra para o Jeep Willys do Sr: João Bento, o mesmo chegou a arrastar a traseira no chão. Bom isso é bem provável já que as estradas eram bem precárias semelhantes a caminho de boi.
Dois dos garimpeiros conhecidos que atuaram nessa mina foram seu João Herzog e seu irmão, além desse haviam outros...
Segundo a população o seu Emílio que era dono da propriedade não recebeu grandes quantias muito menos os garimpeiros.
Bom todos sabem como as coisas aconteciam...
Mas mesmo o pouco de dinheiro que seu Emílio conseguiu em troco das pedras, acabou comprando um carro atrás do outro fazendo muita doideira, e por fim não conseguiu administrar seu dinheiro ficando mais pobre do que antes. Algo semelhante ainda vem ocorrendo com os sortudos da loteria, ou seja jogam a sorte fora.
Mas tarde acaba se desfazendo da propriedade e assim a mesma vai passando de mão em mão.
Anos depois um outro cidadão chamado Adolfo Krause que era dono de um trator esteira decide novamente explorar a velho garimpo. Pois ele acreditava que poderia haver outro bambu de águas-marinhas naquela mina. Começou a escavar o morro formando um enorme barranco, perdeu o rumo da linha e não obteve resultados imediatos, acabou decretando falência antes mesmo de terminar a escavação do barranco. Assim nunca mais ninguém deu prosseguimento ao garimpo.
Mas existem grandes indícios que possam existir outras jazidas de águas-marinhas no local tanto no morro como no brejo.
Como a propriedade se localizava logo após a divisa de Alto Jatibocas-Itarana houve muita repercussão, causando uma nova febre em busca das águas-marinhas.
Na foto acima podemos ver o local do antigo garimpo Emílio Hackbart.
10 comentários:
Realmente apreciei sua postagem sobre "A História das PedrasSemi-Preciosas em Itarana", com belas imagens e um depoimento rico em detalhes. Brevemente deverei estar lançando a 2ª edição do livro "A Pedra da Onça - Jazidas, lavras e garimpos no Espírito Santo". Na ocasião terei po prazer de lhe autografar exemplar da obra. Pode me encontrar no endereço http://taufner.blogspot.com. Aguardo sua visita.
Estava eu um dia, em uma conversa com o principal especialista do Brasil em línguas indígenas, Prof. Arion da UnB. Lá pelas tantas, falei de onde eu era, Itarana, e ele automaticamente disse: falsa onça. E eu desconversei e falei: pedra da onça. Ele disse: não meu filho, rana é falsa. Sussuarana seria falsa onça.
Honestamente, não achei um dicionário etmológico de influência indígena ou topônimos para confirmar. Mas Sussuarana ou Suçuarana é uma falsa onça, conhecido como puma brasileiro, porque não é pintada. E aí?
Devair, de depois da Linha do Equador.
No tupi antigo, o nome que dizem ser o verdadeiro topônimo é JAGUARITÁ. Oportuno dizer que brevemente será publicado um pequeno romance de minha autoria, onde uso este nome como título.
referencias?
O livro "A Pedra da Onça: jazidas, lavras e garimpos", depois de esgotadas as duas primeiras edições caminha para a terceira, embora com relativo atraso devido minhas enfermidades. Tenho como data provável para o lançamento em 15 de março de 2014. Conforme minha promessa, publiquei o pequeno romance com o título JAQUARITÁ relacionado ao tema Pedra da Onça. Como referência, pesquisei no endereço http://www.seara.uneb.br/sumario/alunos/pauloroberto.pdf, acessado em 19.05.2010. A resposta que dá conta do assunto jaguaritá foi-me endereçada por e-mail de roberto@harrop.com.br, 21/05/2010, cujo teor está registrada no final do livro citado acima, em refeências.
Procede....meu finado pai já dizia essa historia de meu finado avô João Bento de Aquino....meu avô ficou rico com esse achado mas ele deu muito dinheiro para os amigos, segundo contava meu pai...
Bom dia a todos. Peço desculpas, mas gostaria de registrar aqui que, quem foi o precursor/descobridor da Pedra da Onça, foi meu falecido pai ARMELINDO PEDRO SOBRINHO com seus 18 anos a 20 anos de idade (1939 ou 1941) que, inclusive, trouxe a familia Azevedo para aquela que seria sua grande descoberta e inicio de carreira no mundo do garimpo, corte, lapidação e venda de pedras semi-preciosas. Nao sei o por que, mais pude observar que o pouco material que existe sobre esta descoberta, praticamente, todos elegem como se tivesse sido fulano ou sicrano, e, isoladamente, um ou outro apenas citam o nome do meu pai, mas como se fosse um participante/coadjuvante na descoberta. Detalhes tecnicos sobre o achado eu não possuo, mas é fato que tudo se deu na forma mencionada acima, tanto é verdade, que ambas as famílias (Sobrinho e Azevedo), que moravam em Itaguaçu (vizinho a Itarana) naquela ocasião, imediatamente a descoberta foram morar em Teófilo Otoni-MG, cidade que naquela época era o centro de comercialização de pedras semipreciosas.
Bom dia a todos. Peço desculpas, mas gostaria de registrar aqui que, quem foi o precursor/descobridor da Pedra da Onça, foi meu falecido pai ARMELINDO PEDRO SOBRINHO com seus 18 anos a 20 anos de idade (1939 ou 1941) que, inclusive, trouxe a familia Azevedo para aquela que seria sua grande descoberta e inicio de carreira no mundo do garimpo, corte, lapidação e venda de pedras semi-preciosas. Nao sei o por que, mais pude observar que o pouco material que existe sobre esta descoberta, praticamente, todos elegem como se tivesse sido fulano ou sicrano, e, isoladamente, um ou outro apenas citam o nome do meu pai, mas como se fosse um participante/coadjuvante na descoberta. Detalhes tecnicos sobre o achado eu não possuo, mas é fato que tudo se deu na forma mencionada acima, tanto é verdade, que ambas as famílias (Sobrinho e Azevedo), que moravam em Itaguaçu (vizinho a Itarana) naquela ocasião, imediatamente a descoberta foram morar em Teófilo Otoni-MG, cidade que naquela época era o centro de comercialização de pedras semipreciosas.
Bom dia a todos. Peço desculpas, mas gostaria de registrar aqui que, quem foi o precursor/descobridor da Pedra da Onça, foi meu falecido pai ARMELINDO PEDRO SOBRINHO com seus 18 anos a 20 anos de idade (1939 ou 1941) que, inclusive, trouxe a familia Azevedo para aquela que seria sua grande descoberta e inicio de carreira no mundo do garimpo, corte, lapidação e venda de pedras semi-preciosas. Nao sei o por que, mais pude observar que o pouco material que existe sobre esta descoberta, praticamente, todos elegem como se tivesse sido fulano ou sicrano, e, isoladamente, um ou outro apenas citam o nome do meu pai, mas como se fosse um participante/coadjuvante na descoberta. Detalhes tecnicos sobre o achado eu não possuo, mas é fato que tudo se deu na forma mencionada acima, tanto é verdade, que ambas as famílias (Sobrinho e Azevedo), que moravam em Itaguaçu (vizinho a Itarana) naquela ocasião, imediatamente a descoberta foram morar em Teófilo Otoni-MG, cidade que naquela época era o centro de comercialização de pedras semipreciosas.
Bom dia. Gostaria que entrasse em contato comigo, Sandreli, sobre a verídica história da pedra de água marinha, encontrada na pedra da onça. Sou administradora da página oficial da Adeturi, associação para o desenvolvimento do turismo de Itarana, e gostaria de divulgar a história verdadeira. Meu celular: 27 998464942. Meu e-mail: familiarteira.san@hotmail.com . Meu face: FamiliArteira Gouvêia e Instagram: @familiarteira .
Obrigada.
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